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6 de março de 2018

Criado o Parque Estadual do Canyon do Rio Poti, um tesouro no coração da Caatinga

Paulo Bidegain 

Foto: Juscel Reis / Overmundo

Despercebido pela grande imprensa, o Brasil ganhou um grande presente no dia 18 de outubro de 2017. Trata-se da criação do Parque Estadual do Canyon do Rio Poti pelo Governo do Estado do Piauí (Decreto Estadual 17.429 de 18/19/2017). 

Localizado no município de Buriti dos Montes (PI) e contando com 24.772 ha de superfície e 118 km de perímetro, o parque protege um estirão do rio Poti que corre em um canyon, além de áreas contíguas com vegetação de caatinga e arte rupestre. O órgão gestor do Parque é a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR) do Piauí. 

O Governo do Ceará está estudando a criação de uma área protegida junto ao Parque Estadual do Canyon do Rio Poti, para compor um conjunto de parques ao longo do canyon, o que poderá mudar o cenário econômico da região, criando empregos compatíveis com a proteção da paisagem. A criação dos parques afasta a ameaça das barragens que poderiam submergir um valioso patrimônio natural e arqueológico do Brasil.

O RIO POTI E O CANYON

O Poti, que em tupi-guarani quer dizer camarão, nasce na Serra dos Cariris Novos, município de Quiterianópolis (CE). Sua principal nascente brota na localidade de Jatobá, no Olho-d’água da Gameleira. A comunidade de Santa Maria, em Quiterianópolis, é o povoamento mais próximo. O rio percorre 538 km da nascente à foz, dos quais 180 km na forma de um canyon. É um afluente da margem direita do rio Parnaíba e um rio permanente que cruza uma região semi-árida, tendo portanto uma importância crucial. 

No Parque, as águas do rio Poti são límpidas e transparentes. O canyon é uma formação geológica que corta a Serra de Ibiapaba entre o Piauí e o Ceará, estendendo-se por 180 km pelos municípios de Crateús, no Ceará, e Castelo, Buriti dos Montes e Juazeiro no Piauí.

Conhecido localmente como “Boqueirão do Poti”, o canyon foi formado pela erosão mecânica das águas do rio sobre as rochas sedimentares da Formação Cabeças, depositada no período Devoniano durante a Era Paleozóica, por volta de 400 milhões de anos atrás. O rio entalhou seu leito natural aproveitando uma falha tectônica conhecida como Lineamento Transbrasiliano, que corta o Brasil desde Sobral até o Mato Grosso. Os paredões do Canyon chegam a ter 60 metros de altura e suas rochas areníticas mostram colorações brancas, amarelas e vermelhas, além de belas formas esculpidas pela correnteza do rio durante milhões de anos. 


Fonte CPRM


Imagem de Satélite do Canyon

GRAVURAS E PINTURAS RUPESTRES

O Parque abriga milhares de inscrições rupestres nas rochas do Canyon, com variados estilos artísticos retratando, em sua maioria, figuras humanas e de animais. São gravuras rupestres muito antigas e singulares, diferentes das existentes nos Parques Nacionais de Sete Cidades e da Serra da Capivara, ambos no Piaui.

Pesquisadores da Universidade Federal do Piauí afirmam que a diversidade de gravuras mostra que diferentes grupos viveram na região. Ressaltam ainda que o sitio arqueológico é um dos mais importantes do Brasil. As milhares de gravuras rupestres foram talhadas e picotadas em baixo relevo na própria rocha, geralmente sem uso de pigmentos. Pinturas rupestres são aplicações de tinturas minerais e orgânicas sobre a rocha. Há também pinturas rupestres em abrigos sob as rochas. As gravuras e pinturas podem contribuir para o entendimento do modo de vida dos povos que habitavam a região, pois eram a forma que eles tinham de transferir conhecimento.

O Núcleo de Antropologia Pré-Histórica da Universidade Federal do Piauí (NAP-Ufpi) constatou que existem mais de 500 sítios arqueológicos na região de Castelo do Piauí, Juazeiro e Buriti dos Montes. Neles estão tesouros arqueológicos em pinturas e gravuras rupestres ainda não estudados ou sequer datados, quer dizer, avaliados quanto à sua idade.

Um forte candidato a ser tombado pelo IPHAN ou mesmo reconhecido no futuro como patrimônio mundial da humanidade pela UNESCO.




BIODIVERSIDADE

Segundo a Associação Caatinga, o parque abriga cerca de 1.400 espécies de animais, entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e insetos. Dentre as espécies que motivaram a criação da área protegida destaca-se o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), sério candidato a se tornar o animal símbolo do parque.




POTENCIAL TURÍSTICO

O potencial turístico do Parque e de sua área de influência é excepcional para a prática de diversas atividades aquáticas e terrestres como contemplação da natureza, descida do rio em canoa e caiaque, banho, mergulho, slackline, rapel, caminhadas, ciclismo, acampamento selvagem a apreciação da caatinga e das inscrições rupestres. Ano passado aconteceu o Canyon Fest do Poti oferecendo um circuito de turismo, arte, cultura e natureza entre as cidades de Castelo, Juazeiro e Buriti dos Montes. O Canyon Fest teve ainda atividades de motocross, trilhas, canoagem e ciclismo.

PLANEJE SUA VIAGEM

O Parque acaba de ser criado, logo não dispõe de infraestrutura e serviços de apoio ao visitante. Todavia, os comerciantes e guias locais estão se organizando para receber os visitantes e ofertar serviços. 

Quando ir

O melhor período para visitar o Parque é entre julho e dezembro, após o período das chuvas. Clique aqui para ver a previsão do tempo.  

Porta de Entrada

A porta de entrada do Parque é a cidade de Castelo do Piauí, situada 184 km a leste de Teresina. Clique aqui para ver o mapa de acesso. 

A cidade de Crateús (CE) também dá acesso ao canyon. Pode-se chegar ao Parque navegando-se pelo rio Poti. Crateús dista 280 km de Teresina e 354 km de Fortaleza. Clique aqui para ver o mapa de acesso. 


Acesso ao Canyon

O acesso ao canyon, principal atração do Parque, é feito através de duas estradas vicinais: uma pela cidade de Castelo do Piauí e outra pela cidade de Juazeiro do Piauí.  

Informações

Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMAR - site 
Diretoria de Parques e Florestas

Secretaria Estadual de Turismo – SETUR - site
Telefone: (86) 3216-2664
e-mail: seturpiascom@gmail.com

Associação dos Condutores de Turistas e Visitantes de Castelo (Condatur) - Castelo do Piaui 
Contato: (86) 9-9913-7039 - Guia Augusto Vasconcelos
Condatur Facebook  - Condatur Blog 

Ecotur Adventure Sertões de Crateús (CE)
Contato: (88) 99612-2069 - Guia Danilo
Ecotur Facebook 


SAIBA MAIS

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