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9 de abril de 2018

Parques, Intervenção e Inclusão Social

Paulo Bidegain




Em 1932, em plena grande recessão nos Estados Unidos, assume o poder o presidente Franklin Delano Roosevelt. Nos 100 primeiros dias de governo, Roosevelt aprovou diversas medidas, dentre elas a Lei do Trabalho Emergencial de Conservação (Emergency Conservation Work Act), que ficou mais conhecida como Corpo Civil de Conservação (CCC). Roosevelt propôs recrutar milhares de trabalhadores, alistá-lo em um exército civil e enviá-los para os “campos de batalha” para lutar contra a erosão e a destruição ambiental. A velocidade recorde com o plano avançou desde o planejamento, autorização e operação é tido como um feito de cooperação entre agências e departamentos do Governo Federal. O primeiro trabalhador alistou-se apenas 37 dias após a posse do presidente.

Conhecido também como “Roosevelt's Tree Army”, o CCC durou cerca de dez anos e produziu os seguintes resultados: 

·         3,470 torres de observação de incêndios florestais erguidas;
·         156 mil km de estradas de apoio ao combate à incêndios florestais;  
·         2 milhões de horas de 235 mil homens devotadas para combater incêndios;
·         3 bilhões de árvores plantadas;
·         Proteção de habitats de animais silvestres;
·         Controle de doenças e de insetos;
·         Inventários florestais e reflorestamentos;
·         Implantação de infraestruturas para recreação em parques e áreas protegidas;

Muitos políticos da época acreditam que o CCC foi o maior responsável pela queda de 55% da criminalidade no país. Nos parques e áreas protegidas, o CCC plantou árvores, abriu e manteve estradas, trilhas e mirantes, além de construir áreas de piquenique, campings, cabanas, banheiros públicos e outras infraestruturas e facilidades.

Em 1985, John Paige, funcionário do Serviço de Parque Nacional dos Estados Unidos (National Park Service) publicou um relatório intitulado “The Civilian Conservation Corps and the National Park Service, 1933– 1945: An Administrative History”. No relatório, Paige cita que o grande impulso para a disseminação dos parques estaduais em todo o país foi devido ao CCC.

Já em 1935, graças aos serviços do CCC, 41 estados desenvolviam programas para implantação de parques estaduais visando aproveitar a mão-de-obra remunerada pelo Governo Federal. Para exemplificar, em 1933 o Poder Legislativo da Florida rapidamente aprovou uma lei determinando ao Conselho Florestal a incumbência de selecionar áreas adequadas para implantação de parques e florestas estaduais. O sistema de parques estaduais da Flórida foi oficialmente instituído em 1935 e, em apenas um ano, sete áreas protegidas foram criadas. Paige aponta que o CCC estimulou a criação de nada menos que 711 parques estaduais no país.

Os resultados extraordinários obtidos pelo CCC na década de 1930 do século passado comprovam que os parques podem ser instrumentos efetivos de inclusão social e fazer a diferença.  O Estado Rio de Janeiro abriga em suas regiões mais pobres, milhares de jovens que não trabalham nem estudam, sem perspectivas de futuro e esperança de uma vida melhor.

Inspirado no CCC, o Exército, com apoio dos Governos Federal e do Estado e das Prefeituras poderia desenvolver um programa semelhante, recrutando jovens entre 16 e 25 anos para trabalhar nos parques nacionais, estaduais e municipais e nas praças, parques urbanos e praias ou mesmo para a melhoria ambiental e urbanística das comunidades. O programa pode envolver treinamento básico para as funções e, ao mesmo tempo, a capacitação para exercer uma profissão, preparando-os para quando fossem desligados do programa.    

Os jovens podem trabalhar tanto na sede dos órgãos gestores de áreas protegidas quando nas pontas. A experiência internacional mostra que para operar de forma eficiente, parques demandam diversas profissões de nível médio. O quadro a seguir resume um elenco preliminar de ocupações.   

Atividade
Profissões de Nível Médio e Elementar

Turismo, Uso Público e Comunicação
Técnico de Gestão de Turismo, Técnico em Guia de Turismo, Técnico em Lazer, Técnico em Eventos, Técnico em Hospedagem, Monitor de Turismo, Atendente Bilíngue, Salva-Vidas. Webdesigner, Técnico de Comunicação.
Manejo da Flora e Fauna
Técnico de Meio Ambiente, Técnicos Agrícolas e Florestais, Jardineiros, Mergulhador, Piloto de Embarcação (Mestre Arrais)  
Proteção
Técnico Guarda-Parque, Bombeiro Civil (resgate e combate a incêndios)
Infraestrutura (Manutenção e Reparo Predial), Veiculos e Equipamentos    
Técnicos de Edificação, Eletricistas, Bombeiros Hidráulicos, Pedreiros, Carpinteiros, Mecânico.
Geoprocessamento
Técnico de Geoprocessamento
Administração
Técnico Administrativo, Auxiliar de Escritório, Almoxarife, Secretária, Técnico de Segurança do Trabalho, Técnico de Recursos Humanos  

Para viabilizar recursos basta cortar a enorme gordura dos superorçamentos de órgãos como o Tribunal de Justiça do Estado (R$ 3,663 bilhões), ALERJ (R$ 1,031 bilhão), Tribunal de Contas do Estado (R$ 717,3 milhões), Defensoria Pública Geral do Estado (R$ 649 milhões) e da Procuradoria Geral do Estado (R$ 326 milhões). Ou mesmo da Câmara de Vereadores, Procuradoria e Controladoria Geral da Capital, que juntos gastam R$ 1,2 bilhão, transferindo-os para o programa.  


Para mais informações:

Civilian Conservation Corps (Wikipedia) – clique aqui

Civilian Conservation Corps (National Park Service) – clique aqui

Civilian Conservation Corps (US History Site) – clique aqui

Civilian Conservation Corps Museum – clique aqui

Roosevelt's Tree Army – clique aqui

Vídeo American Experience The Civilian Conservation Corps – clique aqui

Video Trail of History - Civilian Conservation Corp & Works Progress Administration – clique aqui