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11 de julho de 2012

O Rio Guandu

Estive recentemente em Curitiba, onde aproveitei para dar uma caminhada e observar seus parques.  Fiquei muito bem impressionado com os parques ao longos dos rios. Simples, limpos, sem sofisticação, com espaços para retenção de volumes de cheias, gramados, matas, pistas de caminhadas, ciclovias, quadras de esporte, mobiliário resistente, lanchonetes e restaurantes. E são patrulhados por unidades da guarda municipal com agentes treinados 

E o melhor, são altamente frequentado pelos curitibanos humanos e não humanos. Vi dezenas de capivaras, curicacas, biguás e outras aves. E um rio de verdade em plena área urbana!. Ao invés de um rio morto emparedado em concreto e tomado de lixo, tão comum em nossas urbes fluminenses.  E com obras de melhoria financiadas pelo PAC! Porque não temos algo assim no Rio de Janeiro?



Então lembrei da ideia de um parque ao longo do rio Guandu, associado a um projeto de renaturalização da calha e das margens, que tenho defendido desde o final dos anos de 1990, com a finalidade de uso múltiplo: controle de cheias, abrigo de fauna e flora,  recreação,  saúde (prática de esportes), geração de empregos e redução dos custos de tratamento de água.

A ideia parecia ter ganho tração em 2007, mas ao que tudo indica naufragou. O Parque de Madureira foi projetado muito tempo depois e já esta em uso. Uma pena. 

Diga-se a verdade, tanto a população quanto a mídia dão pouca importância ao Rio Guandu, apesar de milhões de pessoas dependerem de suas águas.  

Imagino o Guandu como um rio vivo, lotado de peixes, capivaras e jacarés, com margens e fundo saudáveis, sem tanta erosão da barranca e lixo.

Vejo o rio Guandu com um parque em forma de faixa de largura variável ao longo das duas margens, implantado pelo Governo do Estado e entregue para as Prefeituras manterem com ajuda nos dois primeiros anos. Um Parque com pistas de caminhadas e ciclovias, bosques e jardins com plantas nativas que demandem poucos cuidados, incluindo frutíferas da Mata Atlântica, brejos, lagoas marginais (aproveitando os areais abandonados), aparelhos de ginástica, churrasqueiras, quadra de esportes, brinquedos infantis, área para pesca e unidades das guardas municipais e uma Unidade de Policia Ambienta - UPA,  exclusiva para um dos rios mais importantes do Brasil.

Algo como o Parque Ecológico do Tietê, ou um Parque do Flamengo simplificado, sem museus, centros de referencias, monumentos e coisas do gênero.     

Parques deste tipo não se enquadram na categoria SNUC. São um misto de parque urbano com funções múltiplas, inclusive de reter cheias eventuais e manter as casas afastadas dos rios.

Não cabe portando usar recursos de compensação ambiental, mas sim recursos do FECAM e do Fundo Estadual  de Recursos Hídricos. No Guandu esta a Light, que pertence a CEMIG, que investe muitos nos rios de MG. Um parceiro que pode ser fundamental.     

Parques fluviais infelizmente ainda não são instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos. Mas é questão de tempo.

Vale a pena conhecer os parques de Curitiba e o Parque Ecológico do Tietê para sonhar com o Guandu, o Macacu, São João e o Macaé. 
























Paulo Bidegain