Ecologicamente, rios são considerados como uma sucessão de ecossistemas, sendo divididos em alto, médio e baixo curso. No Estado do Rio de Janeiro, quase todos os baixos cursos dos principais rios foram retificados (Guandú, Macacu, São João, Macaé, Ingaíba).
Até as primeiras décadas do século XX, os ecossistemas fluviais corriam
sinuosos, contendo matas ribeirinhas, brejos, lagoas e praias fluviais nas
margens e várzeas (planície de inundação). Com as obras realizadas pelo Departamento
Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), os trechos de baixo curso foram convertidos
em grandes canais retilíneos, uniformes, monótonos e com baixa diversidade
biológica.
Mas o rio Macaé esconde um tesouro fluvial. Seu baixo curso não foi
inteiramente danificado. Desde a década de 1970, o baixo Macaé tem aproximadamente
62,4 km de extensão, sendo 23,5 km em curso natural e 38,9 km em canal
artificial reto.
O trecho de curso natural se estende entre a localidade de Cachoeiro do
Macaé, próxima a Estrada Serra-Mar, até a Ponte do Baião, na Estrada RJ-162, e constituí
uma relíquia de ecossistema fluvial, uma paisagem praticamente extinta de
nossas planícies costeiras. As águas são límpidas e transparentes no inverno e
há muitas praias fluviais.
Trata-se de um valioso atrativo natural à espera de atividades e
aventuras, como descida do rio em canoas e caiaques com paradas para banho e
piquenique e relaxamento em praia fluvial.
É fundamental preservar o atrativo, transformando-o em uma unidade de
conservação estadual ou municipal, com preferencia para Refúgio.
Para tanto, o trecho pode ser convertido em um Refúgio da Vida Silvestre do Baixo Rio Macaé, a semelhança do Refúgio da Vida Silvestre do Médio Paraíba. Protegendo para sempre o patrimônio de todos os fluminenses, palavra latina que significa “do rio”.
Para tanto, o trecho pode ser convertido em um Refúgio da Vida Silvestre do Baixo Rio Macaé, a semelhança do Refúgio da Vida Silvestre do Médio Paraíba. Protegendo para sempre o patrimônio de todos os fluminenses, palavra latina que significa “do rio”.
O Refugio compreende um estirão de 23,5 km do
rio Macaé em estado natural, situado entre a localidade de Cachoeiro do Macaé,
próxima a Estrada Serra-Mar, até o início do trecho retificado, que se situa 3,2
km a jusante da Ponte do Baião, na Estrada RJ-162, além de duas faixas de terra
longitudinais de 50 metros de largura (áreas
de preservação permanente) em cada margem do rio, medidas a partir do topo das
barrancas,
Trecho do Rio Macaé com vocação para REVIS, (1) Inicio próximo a Estrada Serra - Mar (em vemelho)
(2) Fim do trecho.
Trecho final do Rio Macaé com vocação para REVIS, (1) Praia fluvial, (2) Inicio do Trecho Retificado
Não há qualquer custo de desapropriação
envolvido, pois o rio Macaé e os terrenos marginais constituem patrimônios
públicos do Estado. Terrenos marginais compreendem uma faixa de 15 metros,
medidos horizontalmente em direção à parte da terra, contados a partir da Linha
Média das Enchentes Ordinárias (LMEO).
Por outro lado, a categoria Refúgio não impede a retirada de água para fins de abastecimento e irrigação e tampouco a pesca. Cabe mencionar que as águas do rio Macaé são vitais para a população, para as infraestruturas da indústria petrolífera e para as usinas termelétricas. Nove termelétricas estão previstas para serem implantadas em Macaé, conforme noticiou o Jornal O Globo de 12/07/2019. Neste sentido, não se justifica implantar uma usina hidrelétrica. O aproveitamento turístico do rio gera muitos mais empregos.
Por outro lado, a categoria Refúgio não impede a retirada de água para fins de abastecimento e irrigação e tampouco a pesca. Cabe mencionar que as águas do rio Macaé são vitais para a população, para as infraestruturas da indústria petrolífera e para as usinas termelétricas. Nove termelétricas estão previstas para serem implantadas em Macaé, conforme noticiou o Jornal O Globo de 12/07/2019. Neste sentido, não se justifica implantar uma usina hidrelétrica. O aproveitamento turístico do rio gera muitos mais empregos.
A criação, implantação e operação do Refúgio podem ser viabilizadas por
uma parceria oficial reunindo o INEA, a Prefeitura de Macaé, o Comitê de Bacia
e sua entidade delegatária (CILSJ).
A implantação da infraestrutura e os serviços de apoio ao visitante podem ser realizados por empresa concessionária. Com a medida, o uso recreativo do rio se expande, pois até o momento só o trecho do médio curso é utilizado para banho e rafting.
A implantação da infraestrutura e os serviços de apoio ao visitante podem ser realizados por empresa concessionária. Com a medida, o uso recreativo do rio se expande, pois até o momento só o trecho do médio curso é utilizado para banho e rafting.
O Refúgio poderá proporcionar os seguintes usos múltiplos:
·
Valorização
paisagística;
·
Manutenção da
biodiversidade;
· Recreação, Turismo e
Esportes Náuticos, tais como banho, natação, lazer náutico (canoas, caiaques,
stand-up paddle, pedalinhos) e piquenique em praias fluviais;
· Passeios guiados de
canoas e caiaques;
·
Observação da vida
silvestre, em especial aves e jacarés;
·
Navegação de pequenas
embarcações;
·
Pesca amadora e artesanal;
·
Atividades religiosas;
·
Extração de água para abastecimento,
irrigação, aquicultura e combate a incêndios florestais;
·
Acampamento nas margens;
·
Pesquisa científica,
ensino e atividades de educação ambiental;
Cabe mencionar que em artigo recente, pesquisadores de diversas
universidades e centros de pesquisas do Brasil chamaram atenção para um fato: os
rios estão sub-representados nos sistema de unidades de conservação. (“Protected areas: A focus on
Brazilian freshwater biodiversity” – article).
De fato, na imensa maioria dos casos apenas córregos e regatos de
cabeceiras encontram-se protegidos em
unidades de conservação federais e estaduais. Rios de maior porte são
excluídos, pois não há uma politica pública direcionada para a conservação
deste tipo de ecossistema, resumindo-se a expedição de outorgas.
Em vários países, governos identificaram precocemente uma tendência da
sociedade de valorizar os rios em bom estado ambiental para fins de recreação. Em
1971 o Serviço Florestal Americano (US Forest Service link) publicou o clássico
“Proceeding of River Recreation Symposium”
Desde então, dezenas de rios tem sido transformados em áreas protegidas, podendo-se citar como exemplo: Micthel River National Park (Austrália), Myakka River State Park (Florida, EUA), Upper Mississippi River Refuge (EUA) e French River Provincial Park (Ontario, Canadá)